Discuti essa
semana com alguns amigos sobre filmes adaptados, isto é, livros que viram
filmes no cinema. Falar sobre adaptações é sempre difícil, principalmente
quando não existe uma faculdade para ser crítico, não há “pareceres”, apenas
opiniões. Partindo desse pressuposto, que ninguém está certo ou errado, irei
iniciar esse post.
Assisti
durante minha vida vários filmes adaptados, desde clássicos como Blade Runner e A Lista de Schindler, às novas febres, Senhor dos Anéis
e Harry Potter. Fazer filmes sobre
histórias aclamadas na literatura, é uma faca de dois gumes, por um lado, a
quase certeza que o filme irá fazer sucesso, do outro, a insaciável sede dos
fãs dos livros de ver na telona, os heróis, as paisagens e o desenrolar da
história.
Durante muito tempo, eu fui um fã
frustrado. Era muito apegado a história fiel contada nos livros, criava em
minha mente um bloqueio, um preconceito com as adaptações, e chegava a
agressividade com quem discordava do óbvio. Se a obra cinematográfica não me
agradava, então ela não estava boa, e importava apenas o meu sistema de valores
individuais. Queria impor o meu ponto de vista como se fosse uma disputa entre
o bem e o mal, ofendia e agredia quem discordava de mim, afinal de contas, eu
estava certo, e todos errados!
A abertura da minha mente não foi um
processo fácil, mas enfim eu cheguei a uma conclusão: o importante não é seguir
fielmente todos os passos dos personagens, ou sequer mostrar todos os
personagens, porque alguns (Tom Bombadil que me perdoe) simplesmente não são
relevantes.
A ideia e o conceito da obra são as chaves-mestra.
Como, onde, e por que, são questionamentos paralelos, mas no fim, o importante
é entender a obra. Planeta dos Macacos, em
suas milhares de versões, sempre mantém os principais questionamentos: “Nós
realmente somos melhores que eles? Se eles fossem inteligentes, o que impediria
de nos escravizarem?”
Então vamos ser mais
pacientes e exigir menos, os filmes podem ser completamente
diferente dos livros, isso não quer dizer que a essência não está lá. Outro caso de enormes discussões, é o seriado
Game Of Thrones. Na minha opinião é a vida real de como deveria ser o mundo da
fantasia. Há sexo? Há. Há mortes sem sentidos? Há. Há violência sem sentido?
Há. Há violência com sentido? Também há. As pessoas
são humanas nas suas motivações, não são nem más nem boas, são apenas humanas,
podem ser cruéis, bondosas, dissimuladas, infantis, loucas, mas ainda assim
humanas. O que importa se os dragões não foram roubados no livro? Ou se o nome
da garota que Robb Stark transou não é Talyssa? Acordem! Abram suas mentes, o
importante é a essência e o desfecho! Robb não irá manter o acordo de casamento
com os Frey, o que culminará da mesma forma no casamento vermelho. E Danny vai
à casa dos imortais para ter as lembranças e visões.
Enfim, depois que parei de exigir
fidelidade exagerada, eu sou um cinéfilo muito mais feliz! Aprendi a valorizar
e admirar as formas de visões diferentes, e a propósito, se até os escritores
aprovam, quem somos nós para não fazermos o mesmo?
Deixo abaixo para vocês, algumas
sugestões de adaptações que eu assisti, e recomendo! Leiam os livros também,
afinal de contas, os filmes são apenas visões de um diretor ou roteirista, e
você pode e deve ter a sua também!
À Beira do Abismo [The Big Sleep, 1939] de Raymond
Chandler
O Silêncio dos
Inocentes [The
Silence of the Lambs, 1988] de Thomas Harris
Grandes Esperanças [Great Expectations, 1861] de
Charles Dickens
O
Iluminado [The Shining, 1977] de Stephen King
Onde Os Fracos Não Têm Vez [No
Country for Old Men, 2005] de Cormac McCarthy
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